Há uma famosa frase do rei Henrique IV que diz: “Paris vale bem uma missa”. Foi numa tarde de fevereiro, pois, que, guiado por essa frase, entrei pela primeira vez numa Igreja em Paris.
Era um dia gelado, a neve cobria todo o chão e eu, como bom brasileiro, apenas me perguntava como é que as pessoas conseguiam viver em um lugar assim.
Eu sempre ouvia falar que as igrejas na Europa, de modo especial na França, eram completamente vazias; algumas, nem sendo mais igrejas, haviam-se transformado em todo tipo de coisas profanas. Porém, todos esses preconceitos que foram incutidos em mim desapareceram naquele momento em que, pela primeira vez, entrei em uma igreja em Paris.
A escolhida foi, por motivos óbvios, a Notre-Dame de Paris. Digo óbvio não apenas por ser a catedral da cidade, mas porque assisti diversas vezes o famoso desenho do Corcunda de Notre-Dame e queria conhecer o lugar onde Quasimodo morava.
Mas, brincadeiras à parte, a Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico, tendo sua construção iniciada em 1163. É dedicada a Maria, Mãe de Jesus, e fica na praça Paris, na pequena Île de la Cité e rodeada pelas águas do Rio Sena.
Uma das coisas que mais me impressionou, e continua sempre a me impressionar, é a arquitetura que, por si, é algo de tirar o fôlego. São tantos detalhes a contemplar que quase perdemos a hora da missa se ficamos olhando muito.
Impossível é não se impressionar, ainda mais quando sabemos que tudo isso fora feito em uma época em que não havia a tecnologia que há hoje. De fato, a arte é capaz de nos transportar para o âmbito divino. Certamente isso era pensando quando cada pedra era esculpida para dar forma à “morada de Deus”.
Se por fora já a beleza é já notável, no interior somos convidados a rezar pela maravilha dos vitrais que ornam as paredes. Uma outra coisa impressionante é silêncio. É Verdade, aqui não há ninguém para fazer aquele famoso “chiiii” antes de começar a missa. Não! As pessoas estão sempre silenciosas no interior da Igreja.
Dez e meia da manhã. De repente, o órgão começa a tocar. Sim! Eu disse o órgão. Não fui a nenhuma igreja em que não houvesse um órgão. Procurei o nosso famoso pandeiro e nada! Pois bem, o órgão começa a tocar e todo o nosso corpo sente as vibrações. Logo em seguida, as vozes entoam aqueles cantos litúrgicos lindíssimos e sincronizados.
Sim! A missa vai começar. Eu não sabia o que eles estavam cantando; mas isso ali, naquele momento, não importava muito. A beleza se sente, se vê, se respira. E para contemplá-la, não é preciso muita coisa.
A missa como de costume ia-se desenrolando: cada vez um novo canto acompanhado do órgão, e o mais incrível é que todos cantam como se toda a assembleia fosse um grande coral.
E sabem aquela roupa de Natal que a gente compra para ficar na sala vendo a missa do galo em casa? Todos estão vestidos com ela. Mas espera aí, é uma missa de domingo?
Sim! É domingo, o dia do Senhor, dia de festa, dia dedicado à oração e à adoração. Aquele foi um domingo em que vi e aprendi que temos de dar o melhor para Deus, mesmo nos pequenos detalhes: Domingo em que fui à Notre-Dame de Paris e todo o meu ser rezou!